Quando os homens nascem de novo pela ação do Espírito do Deus, eles passam a viver numa luta entre a carne e o espírito, cada qual querendo fazer a sua vontade. É nesse ponto que entram os chamados meios de graça, mediante os quais o Espírito de Deus trabalha na vida dos salvos, conduzindo-os à mortificação das obras da carne.
Porém, essa luta renderá até o fim da vida de cada crente. O último round terminará com o último suspiro do cristão neste mundo. Enquanto esse momento não chega, o cristão sofre e geme nessa luta renhida contra as concupiscências da carne. O mal que ele não deseja mais fazer, ainda faz, e o bem que deseja sempre fazer, não consegue fazê-lo corretamente. Por isso, o cristão jamais poderá dizer que não tem pecados. Porém, ao pecar, o cristão é invadido pela tristeza e, então, confessa seu pecado e pede perdão a Deus, mantendo a sua comunhão com Ele sem interrupções. Então, por viver ainda nessa atmosfera, ainda com a presença do pecado rondando e muitas vezes até contaminando suas ações, o cristão geme. Mesmo tendo as primícias do Espírito, geme em seu íntimo, aguardando a bem-aventurança final, que está a caminho.
Ele tem consciência de que foi salvo pela graça para fazer as obras que Deus de antemão preparou para que ele as fizesse, obras que serão visíveis aos homens, porém que de modo algum lhes valerão a glória. Pelo contrário, os homens serão levados a dar glória a quem de direito – a Deus. Portanto, a defasagem entre o querer fazer o bem e o feito propriamente dito causa tristeza nos santos, causa dor, gemido – os gemidos dos santos, que lhes manterão em humildade diante dos homens, em humilhação diante de Deus, em simplicidade, submissão e em respeito mútuo.
Em tudo isso aparece a sabedoria inescrutável de Deus, que usa todas as coisas para o louvor de sua glória, até mesmo os gemidos de seu povo amado.
Sermão proferido pelo Diácono Ezequias Farias de Lucena, no domingo 31/07/2011 do púlpito da Primeira Igreja Batista Reformada em Caruaru. Ele foi baseado na Carta de Paulo aos Romanos 7:15-25.
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